“Para que servem os sentimentos? Poder-se-ia argumentar que as emoções sem sentimentos seriam mais do que suficientes para a regulação da vida e para a promoção da sobrevivência. Porém, não é esse o caso. Na orquestração da sobrevivência é extremamente valioso ter sentimentos. As emoções são úteis em si mesmas, mas é o processo de sentir que alerta o organismo para o problema que a emoção começou a resolver.”
– António Damásio
Este artigo foi escrito pela nossa atleta de CrossFit e OCR, Inês Alves Correia
Inscrevi-me na Spartan Race de Barcelona pouco tempo depois de ter feito a de Madrid. Esta primeira experiência tinha sido tão positiva que decidi avançar para a prova Super de Barcelona. Ao contrário da corrida de Madrid, em que fui acompanhada na corrida por amigos e marido e onde o objetivo era basicamente a superação dos obstáculos mas principalmente a diversão em grupo, na spartan de Barcelona, onde me inscrevi em Age Group, tinha como meta preparar-me bem para conseguir superar os obstáculos e terminar no melhor tempo possível.
Estava decidida a ir sozinha na corrida para estar 100% focada na minha performance. Infelizmente, esta preparação, por circunstâncias da vida, ficou muito aquém do que queria e previa. Comecei a ficar com “medo” da frustração de não conseguir transpor obstáculos anteriormente superados e cheguei mesmo a pensar em desistir uma semana antes. Mas quem me conhece sabe que essa palavra raramente entra no meu vocabulário e com o grande incentivo e apoio do meu marido, primos e irmãos, lá fui encarar esse novo desafio.
Quando chegou o dia D, eu estava nervosíssima, e o medo da frustração apoderou-se novamente minutos antes da largada. Era um mix de sentimentos que estava a sentir naqueles breves minutos antes de começar a prova: ansiedade, medo, nervosismo, questionei-me algumas vezes “o que estás aqui a fazer?!”
Do lado de fora ouvia as vozes de quem mais me apoia: “se alguém consegue és tu”, “vai com tudo que vai correr tudo bem”. E assim foi dada a largada. Mal comecei a correr, passei a primeira parede e as primeiras piscinas de lama e todas as dúvidas e nervosismos foram embora.
Senti-me mais confiante e cheia de garra para percorrer os 15km que aí vinham! Foram 15km bastante técnicos, com bastantes subidas longas e ingremes, muita lama, o que dificultava muitos os obstáculos pois ficavam extremamente escorregadios.
O meu ponto alto foi ter conseguido subir á corda, que se encontrava praticamente encharcada em lama e que tinha falhado na prova de Madrid.
Esta prova teve também a particularidade de ter alguma parte do percurso e obstáculos perto da zona de largada, o que permitiu ter o acompanhamento e força de quem nos estava lá a apoiar! Pimpa, Mariana e Ulisses incansáveis nessa missão assim como todos os lobos presentes no evento! Não há nada que nos dê mais animo e força do que ouvirmos a nossa alcateia a gritar pelo nosso nome! Melhor que isto só mesmo aquele abraço no final da prova e o carinho geral de quem lá estava a acompanhar. A todos fica um grande obrigada e já estou ansiosa para a próxima Spartan! Bora treinar!!!
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